sábado, 24 de dezembro de 2011
Um pesadelo que virou sonho e se tornou realidade
UM PESADÊLO VIROU SONHO E SE TORNOU REALIDADE
Durante 12 anos eu tentei em vão, realizar um sonho de criança através de e-mails e cartas enviados para inúmeros programas de TV: Faustão, Ratinho, Luciano Huck, Raul Gil, Silvio Santos, Eliana, Netinho de Paula, Ana Maria Braga, Gugu Liberato, Celso Portioli e Márcia Goodsmith. E ao longo deste tempo todo só recebi duas ligações da Produção do Ratinho que não mais se confirmaram, frustrando uma vez mais as minhas expectativas.
Fui um menino muito pobre e caçula de uma prole de 13 filhos, condição esta que me fez sentir na pele os efeitos de uma pobreza, pois meus pais deixaram a vida na roça porque meu genitor já estava velho e cansado, vendendo tudo e vindo morar na cidade, mais precisamente na Vila Botega, onde comprou duas casas de madeira e lá nos estabelecemos, enquanto ele tentou a sorte trabalhando como operário na Indústria Cadeiras e Móveis Pelliciari por alguns anos mais, onde adquiriu os direitos para aposentar-se.
Nossa vida era difícil e o lanche que eu levava na escola era pão recheado com açúcar cristal, pois não tínhamos condições para adquirir outro tipo de merenda. Eu sofria muito ao ver alguns coleguinhas comendo pão com mortadela ou presunto e eu ficava morrendo de vontade, porque não conhecia aquilo e julgava que fosse a coisa mais gostosa do mundo.
Papai aposentou-se, mas viveu por poucos anos mais, vindo a falecer em 10 de dezembro de 1960, às vésperas do natal, época em que eu apenas havia concluído a 4ª série primária (ensino fundamental).
Daí por diante o que era ruim ficou pior ainda, virou um grande pesadelo, porque a orfandade me fez abdicar da infância, adolescência e estudos, para trabalhar como bóia fria ao lado de mamãe, pois a miséria e a fome vieram bater em nossa porta.
Enfrentávamos o transporte em caminhões do tipo pau-de-arara nas madrugadas para ir em busca da sobrevivência nas lavouras de algodão da região de Andradina, chegando a irmos trabalhar até em Monte Castelo. Meus natais passaram a ser mais amargos ainda sem a presença do meu Papai Noel que Deus levou para o céu.
Daí para cá nasceu o desejo imenso de um dia me tornar um Papai Noel capaz de poder fazer a alegria de muitas crianças pobres e minha primeira experiência foi aos 18 anos quando emprestei uma roupa de Papai Noel da Srª Regina Andrade, esposa do saudoso Antonio Soares Andrade, e pude entregar os presentes doados por um comerciante proprietário de um mercadinho onde tinha um Serviço de auto-falantes em que eu trabalhava nas horas de folga.
O Tempo passou depressa e eu fui envelhecendo, sentindo que meu sonho virava Utopia e se distanciava cada vez mais da realização.
Em 2008, porém eu resolvi juntar algum dinheiro para levar adiante meu sonho e cheguei a colocar alguns cofres no Frigorífico, inclusive na minha repartição, de onde tiveram a coragem de roubar o cofrinho que mais tinha dinheiro. Desanimei e não fiz nada naquele ano, porém no ano seguinte ganhei uma Roupa de Papai Noel de uma pessoa amiga e pude ir na creche do Benfica em 2009 entregar os presentes que ela mesma doou, onde fizemos uma grande festa com bolo e refrigerantes para 70 crianças.
Continuei a pleitear dos programas de TV, 100 brinquedos, mas nem isso consegui mais.
Hoje porém posso dizer que vou realizar meu sonho, pois com ajuda de alguns amigos vou poder presentear muitas crianças da creche do Bairro Santa Cecília onde moro.
É um sonho sublime, mágico como os contos de fadas, autêntico como a fantasia dos pequeninos que ainda acreditam no bondoso velhinho de roupas vermelhas e barbas brancas chamado Papai Noel, que infelizmente só existe para poucos.
Mas é uma esperança que quero continuar alimentando nos corações dos pequeninos que ainda sonham e acreditam no Papai Noel, embora não tenham eles ao menos sapatinhos para colocarem atrás das portas.
Sonhar não é pecado, meu pesadelo de criança se transformou em sonho e com ajuda de muitas pessoas hoje felizmente se torna uma realidade.
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