sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O DIA EM QUE PAPAI NOEL CHOROU (conto)

O DIA EM QUE PAPAI NOEL CHOROU...
Eram mais ou menos vinte e duas horas quando eu acabara de participar de uma confraternização numa véspera de natal, onde pude ter o privilégio de ser uma vez mais o Papai Noel e fizera assim a alegria da garotada que lotou um imenso salão decorado com muitas lâmpadas coloridas e outros enfeites natalinos.
Vivera eu, momentos de intensa alegria e estava ainda um tanto inebriado pelas músicas alusivas à data e pela magia de poder levar encantamento a todas as crianças presentes naquele evento, abraçando-as e fazendo com que os seus pequeninos corações batessem descompassados ao receberem os almejados presentes das mãos do lendário e bondoso velhinho.
Foram momentos de intenso prazer, os quais, repletos de grandes emoções, porém, como num conto de fadas o encanto da magia se desfez..., a festa acabou-se, todos foram para as suas casas e as luzes se apagaram, pois o salão estava sendo fechado...
Eu havia cumprido parte da minha missão e já me preparava para ir a outro local, onde outras crianças também aguardavam ansiosas pela presença do Papai Noel, mas quando me dirigia ao portão principal, vi um homem que trajava roupas humildes, calçando apenas chinelos e cujos cabelos eram tão grisalhos quanto os meus.
O pobre homem ocupava um dos bancos do pequeno jardim, onde quieto e cabisbaixo demonstrava estar sentindo uma enorme e infinda tristeza, pois seu semblante sofrido fazia com que ele aparentasse ser bem mais velho do que realmente era.
Aproximei-me, abracei-o e desejei-lhe um feliz natal, não apenas por ser eu um Papai Noel, porém, muito mais pelo fato de ser também um cristão e acreditar que a solidariedade e a fraternidade são as essências do verdadeiro espírito natalino, mas ao fazê-lo notei que duas lágrimas rolaram pelo seu rosto já marcado por algumas rugas.
Sentei-me ao seu lado e perguntei-lhe o motivo daquela tristeza, afinal aquela era uma noite de festa!
Ele fitou-me com os olhos ainda marejados de lágrimas e com a voz entrecortada por soluços me disse:
- Senhor, durante muitos anos eu também pude fazer a alegria de inúmeras crianças, dentre as quais, os meus próprios filhos e conseguia isso exatamente quando eu me vestia de Papai Noel representando a empresa em que eu trabalhava, e em noites como esta, era eu o encarregado de exercer a belíssima tarefa de distribuir os presentes arrecadados para tal finalidade.
Ele fez uma breve pausa e continuou o seu desabafo:
– Hoje, no entanto, ao ver daqui de fora a festa que aí dentro aconteceu pude sentir uma imensa saudade daqueles tempos; saudade esta, que veio acompanhada de uma mágoa profunda, porque por ironia do destino sou mais um desempregado, não posso ser mais aquele Papai Noel bem sucedido de outrora, pois estou com as mãos vazias e impedido de levar alguma coisa até para os meus filhos e minha esposa que me esperam em casa, onde nada temos para comer neste natal.
Súbita emoção..., não me contive..., abracei-o novamente e desta vez fui eu quem molhou o seu ombro com as lágrimas que não consegui evitar!
Foi um longo abraço, choramos juntos, pois ficamos incapazes de pronunciar ar qualquer palavra..., um instante mágico e inesquecível..., uma experiência inédita e incomparável.
Ali estava eu, diante de um homem de meia idade, cujo sofrimento o transformara num verdadeiro farrapo humano, um homem verdadeiramente sofrido, que era naquele instante o espelho de um passado belíssimo, mas refletindo a dura realidade do presente, afinal ele também era mais uma vítima desta grande mazela desse Brasil, a miséria causada pelo fantasma do desemprego e pelas injustiças sociais.
Deus estava sendo uma vez mais muito generoso para comigo, alertando-me através desta estranha coincidência, pois sendo eu um Papai Noel aclamado por inúmeras crianças, provara ali junto àquele homem de um gole da sua taça de amargura, através de um brinde diferente, que me permitia aprender uma grande lição de vida.
Um brinde que me ensinava a valorizar o meu emprego e também agradecer sempre ao Pai Celestial pela dádiva de ter uma família e um lar, onde nunca faltou o sagrado pão de cada dia e de ainda poder presentear os meus filhos numa noite de natal.
Esta é uma história tão real como é a vida..., fantástica como o sonho, sublime como a fantasia e tão pura quanto a inocência de muitos pequeninos que ainda têm esperanças, mesmo não tendo eles nem sequer sapatinhos para colocarem atrás das portas, na tentativa de atrair a presença do mágico e lendário bom velhinho de roupas vermelhas e barbas brancas que se chama Papai Noel e que infelizmente só existe para poucos.

Autor: Mauro Máximo da Silva
Conto vencedor do Mapa Cultural Paulista 2006 (local) e inscrito no Talentos da
Maturidade de 2009.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um sonho de Papai Noel

UM SONHO DE PAPAI NOEL

Autor: Mauro Máximo da Silva – Presidente da “ALIANDRA”


Tão depressa o tempo passou
Somente uma saudade ficou
Para encurtar essa distância
Entre os natais de outrora...
Dos quais relembrando agora
Me levam de volta à infância!

Eu era um menino carente
Um pouco franzino e doente
Mas sinto enorme saudade
Dos garotos lá da redondeza
Irmãos de sonhos e pobreza
Em busca de igual felicidade!

Mesmo sendo pobre eu vivia
Sonhando com o almejado dia
De ganhar esse tal brinquedo...
A minha ansiedade aumentava
E afoito, pelo natal eu esperava
Contando os dias, dedo a dedo!

Porém às vésperas de um natal
O meu já, velho pai passou mal
E foi morar com Deus no céu...
Fiquei muito triste e desiludido
Sabendo que eu já havia perdido
Para sempre o meu Papai Noel !

E a partir daquele momento
De intensa dor e sofrimento
Com resignação compreendi
Que aos doze anos de idade
Eu já possuía a tal felicidade...
Porém naquele dia a perdi !

Pouco a pouco fui crescendo
E a cada natal, também vendo
Morrer a minha doce fantasia
Porém descobria aí um segrêdo
Pois pude entender ainda cedo
Que eu já era feliz e não sabia !

Com minha ilusão quase morta
Os meus sapatos atrás da porta
Ainda assim continuei a colocar
E com a humildade de pobre
Pedi então ao velhinho nobre
Para este novo sonho realizar!

Hoje meus filhos, com certeza
Constituem minha maior riqueza
Foi esse o tal pedido que eu fiz
Meu sonho, realidade se tornou
E além de poeta, agora eu sou
Um Papai Noel também feliz !

Aprendi contigo meu velhinho
A ser tolerante e bonzinho...
Só hoje eu entendo o porquê
Você legou-me esta virtude
Por isso eu te peço, me ajude
A ser um Papai Noel como você !

Bom velho, você está presente
Nos meus versos e certamente
Em todos os cantos da cidade
No coração de qualquer criança
Você é o símbolo da esperança
Fantasiando a dura realidade !!!


ALIANDRA - ALIANÇA DOS LITERATOS DE ANDRADINA

Esta poesia é a própria vida do autor, pois os fatos aqui descritos ocorreram em 10/12/1960 Retratam eses fatos a triste realiadade de uma época xxx

sábado, 2 de maio de 2009

O AMOR MAIS PURO

O AMOR MAIS PURO
Ah se eu pudesse, no tempo poder voltar
E no passado, a minha infância encontrar
Para outra vez, no colo maternal adormecer
Ser de novo aquela frágil e pura criancinha
Que nos braços da meiga e adorada mãezinha
Inebriava-se, após tantos carinhos receber!!!

Ah se eu pudesse, reviver tudo novamente
E contemplar a face daquele anjo sorridente
A me embalar com suas doces e suaves cantigas
Podendo sentir no tremor dos seus braços
Toda a alegria ao ver meus primeiros passos
Sempre amparado pelas suas mãos amigas...

Ah se eu pudesse,ainda que por um momento
Sentir o gostinho do mais sublime alimento                                
Dos seus seios, dia a dia me amamentando                                      In memorian: Orminda dos Passos Silva
Óh Deus, não me prive também dessa ventura
De poder sonhar, abrançando essa criatura
Meu anjo bom, que hoje no céu está morando!

Ah se eu pudesse, mudar a triste realidade
E voltar no tempo prá buscar a felicidade
Eu renasceria do seu ventre, com certeza
Só para acabar com essa tristeza infinda...
Eu seria outra vez, o seu filho mãe Orminda
Com todo orgulho, prá exaltar sua grandeza!!!

Ah se eu pudesse, nesse tão grandioso dia
Convencer o mundo através dessa poesia
Que o amor mais puro, verdadeiro e forte
Habita o coração de uma fada encantada
Cujo nome é mãe, essa Santa abnegada
Que por um filho, luta sem temer a morte!

autor: Mauro Máximo da Silva
presidente da ALIANÇA DOS LITERATOS DE ANDRADINA - ALIANDRA

Publicado no site: O Melhor da Web em 01/05/2009
Código do Texto: 21466

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

É o sabor

È O SABOR

Paródia da música “È o amor” (Zezé di Camargo & Luciano)


Eu não vou negar que sou louco pelo mé
Bebo cedo no café e antes de almoçar
Eu não vou negar que não me importa a qualidade
O que interessa é quantidade, eu quero é degustar

Eu não vou negar que sou louco pelo mé
Fico até de quatro pé e chego a vomitar
Você bebida desgraçada é minha alegria
Me joga na calçada quase todo dia
E só o camburão vem me recolher
Eu sou aquele embriagado muito irreverente
Chato, atrevido e muito indecente
Que esqueceu da vida e só pensa em beber

Coro

É o sabor, que faz a minha cabeça e me deixa assim
Me faz esquecer do dever e até mesmo de mim
Me faz pensar que a vida é feita prá beber
É o sabor, que me deixa com um bafo forte e ainda loução
Me faz esquecer da vida e da obrigação
Eu acho até que não sou nada, se eu não beber

Autor: Mauro Máximo da Silva
Membro da “ALIANDRA”

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Assim era a Babalu



Ela ao chegar já convenceu
Que veio mesmo prá ficar
Um presente do amigo meu
Que a todos veio agradar
E assim Babalu conheceu
Os amigos do seu novo lar

Ela tinha um jeito acanhado
Muito educada e carinhosa
Tinha mais duas ao seu lado
Uma era até meio nervosa
Babalu com seu jeito educado
Era muito boazinha e fogosa

Conquistou logo seu espaço
Nos corações de todos nós
Por isso versos eu lhe faço
Ao lê-los saibam que após
Sua partida, falta um pedaço
E a saudade é seu porta-voz

Babalu não saía nem entrava
Se não fosse então convidada
Ela nem sequer reclamava
Da coleguinha mal educada
Mas enquanto comia rosnava
Para não ser mais ludibriada


E assim Babalu viveu a vida
Cercada do nosso carinho
Era uma cadelinha querida
Pelo seu jeito tão bonzinho
Mas partiu sem despedida
Não uivou nem um pouquinho

Partiu sem fazer nenhum ruído
Pois nunca ela quis incomodar
Não se ouviu nenhum latido
Porque preferiu não alarmar
Partiu sem dar algum gemido
Para não ver ninguém chorar!

Entre todos os bens da natureza
Nada que o homem conquiste
É mais valioso que a beleza
Da real amizade que só existe
Entre os animais com certeza
Por isso nosso lar está triste

Porque ela foi na realidade
Mais que um simples animal
Uma companheira de verdade
Inconfundível e sem igual
Babalu hoje é uma saudade
Virou poema e será imortal !




Autor: Mauro Máximo da Silva
Membro da “ALIANDRA”

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Onde encontrar a paz?

ONDE ENCONTRAR A PAZ ?




Onde encontrar a Paz ?
É pergunta que você faz
Vendo a sua liberdade fugir
Diante de tanta violência
Que cresce com veemência
E faz o amor sucumbir!



Onde encontrar a Paz ?
É pergunta que seu filho faz
Quando sai para estudar
Sabendo que numa ação policial
Uma bala perdida é fatal
E pode a sua vida ceifar!



Onde encontrar a Paz ?
É pergunta que também faz
A pobre criança abandonada
Que não pediu para nascer
E que sonha algum dia ter
Um lar e uma família honrada!




Onde encontrar a Paz ?
É pergunta que a humanidade faz
Temendo o horror de outra guerra
Mas Deus é a única esperança
Só ele pode semear a bonança
E a harmonia no planeta terra!



Onde encontrar a Paz ?
Há dois mil anos atrás
Ele próprio nos ensinou
Antes de morrer numa cruz
O Mestre nazareno Jesus
A sua paz nos deixou...



Onde encontrar a Paz ?
Descubra, você também é capaz
Consultando o seu coração
A paz está na caridade,
No amor, na fraternidade
E no gesto nobre de perdão!




Membro da “ALIANDRA”
Aliança dos Literatos de Andradina-SP

Poesia escrita para gincana escolar do CEFAM em 1998